terça-feira, 23 de novembro de 2010

A COISA É GENÉTICA!!

Amigos,
Irmã é irmã né? e influencia...principalmente quando sabe escrever...o irmão mais novo vai...e segue os passos...tudo bem...vamos prestigiar o cara...segue um texto de Rogério muito legal e na minha opinião, muito bem escrito! bjs

ALHO, LIMÃO, MEL  E GENGIBRE
         ROGÉRIO SILVA *

Se não curar a gripe, também não faz mal nenhum.  As pessoas gostam de dar conselhos, passar ensinamentos, dizer que se foi bom para ela mesma, serve para outra. Dói menos na consciência. É melhor do que automedicação.
A minha avó adorava dar receitinhas para as amigas. Deixava-a aliviada, sobretudo quando a gripe da vizinha passava. Batata, né ? Com uma semana de cama, longe de vírus e bactérias, quem não melhorar de um resfriado, tá ferrado. Acalentava o ego dela saber que a mistureba de alho, limão, mel e gengibre tinha agido afiadamente, sem chance para o adversário.
Sábia minha vó. Acabou, sem querer, me ensinando, que conselho é ótimo e deve ser dado a torto e a direito, sem dramas pessoais. Vai funcionar sim. Tenha certeza. Aliste-se no Exército da Salvação. Preste vestibular para o ITA. Inscreva-se naquele concurso de 1057,5 candidatos por vaga. Jogue na mega sena, de preferência quando acumular em 100 milhões. Invada a sala do chefe. Peça aumento de 75%.
Só alcança quem busca. Não me recordo de quem tenha aprendido a dirigir sem nunca ter tido coragem de ligar o carro.
Mas você pode ser também aquela folha morta no canto da sala, escondido para não ser notado. Isso pode ser a sua opção. Mas não o faça se não tiver vontade de que seja assim.
Longe de mim querer desfilar nessas linhas um rosário de auto ajuda. Nem sequer adoto essa literatura. Não gosto. Não acredito.  Mas algumas palavras de incentivo valem à pena. E se não forem ditas pelos que tem um tiquinho mais de experiência e vivência, serão pronunciadas por falastrões que aconselham o que não viveram. O que não sabem.
Dias desses viajei 210 quilômetros para falar a cerca de 100 alunos de Comunicação Social. Falamos de mercado, expectativa das empresas, a formação ideal, o que cada um deve fazer para se destacar, a segunda graduação, a terceira, o estudo de outras línguas, blá, blá, blá?
Quantos assimilaram aquilo? 3, 4? Serei otimista: 5, no máximo.
5 caras ou 5 moças que tomaram aquele desafio para si e colocaram na cachola a ideia de ser um belo profissional do mercado. 
Toma nota de um pensamento aí. Este vale a pena e é meu. De mais ninguém. Alguém pode até ter pensado, mas não escreveu: AS COISAS MAIS DIFÍCEIS DA VIDA DEPENDEM APENAS DE NÓS MESMOS.
Emagrecer, namorar a garota mais cobiçada da escola, ser doutor, viajar, conhecer novas pessoas, SER feliz sem necessariamente TER as coisas.
Encomendaram-me um artigo sobre o mercado da comunicação. Vou me rebelar. Escrevo um pouco sobre a minha sábia e astuta avó, dos confins de Taperoá, um lugar duas quadras após a esquina onde Judas perdeu as botas. Ela sabia das coisas e me admirava e amava muito.  Eu era magricela, desengonçado com a bola, mal vestido e de cabelo sem jeito. Mas para ela eu era o menino mais lindo do mundo.
Minha  vó se foi. Mas tem uns troços que não foram com ela. Ela não era tão senil a ponto de me ver e enxergar um Clark Gable, o big galã de E o Vento Levou. Nada disso. Cativar alguém é magia, magia pura. Fazer com que ela veja alguma coisa que só ela seria capaz.
Lembro-me da minha primeira cata ao emprego. Queria trabalhar. Estava no início da faculdade e numa entrevista o recrutador me perguntou se eu sabia datilografar. Sim, disse eu, já imaginando o fim de semana que perderia gastando meus dedos a treinar na velha Remmington de meu pai.
Falta ousadia nos olhos dos garotos de hoje, a vontade de arriscar, de atirar-se com desejo, sem saber dos $$$ no holerite do fim do mês.     
Isso deve ser nostalgia de quem sempre acha que no passado tudo era melhor. Estou ficando velho e ranzinza. Boa oportunidade então para dar conselhos, como disse lá no começo, que nem esses e-mails melosos que rodam o mundo.
Então, vão:
1.     Ouça mais, fale menos.
2.     Volte sempre às origens, mesmo em pensamentos.
3.     Curta o que faz. A grana vem depois, naturalmente.
4.     Gaste só o que você ganha.
5.     O melhor aluno da sala não necessariamente será o melhor cara do mercado.
6.     O pior aluno da sala poderá melhorar com sua ajuda.
7.     Gaste tempo com você.
8.     Deixe rastros, deixe marcas.
9.     Chore e se arrependa, se assim valer.
10.  Sorria, mas sorria muito, com vontade e sem culpa.
Ah? E sobre a receita? A essência não está nela (se quiser troque o alho pela cebola e o gengibre por um gole de pinga). O segredo está no pensamento positivo. Tudo vai dar certo.


(*) Rogério Silva é jornalista e administrador. MBA em Gestão Executiva e Empreendedora. Atualmente dirige o jornalismo e a programação da TV Paranaíba/Record e da Rádio Educadora/Jovem Pan, em Uberlândia, Minas Gerais. E adora dar conselhos.

Um comentário:

  1. Adorei! Essa moda de ser blogueiro tá pegando, heim. Acho o blog o melhor lugar pra nossas crônicas. Viva!

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